quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

do jornal Ibiá - Montenegro

Heitor e o desafio de unir o PT

Todo processo de disputa interna, especialmente a escolha de um candidato a prefeito, produz efeitos colaterais num partido político. O Brasil e o Rio Grande do Sul estão cheios de exemplos de siglas que foram para a eleição partidas porque não conseguiram selar a paz entre as facções que se enfrentaram nas prévias. Reverter esta lógica e aproximar as diferentes correntes em torno do objetivo comum de chegar ao Palácio Rio Branco é a primeira tarefa de Heitor Lermen, escolhido neste domingo, por uma diferença de apenas cinco votos, para ser a cara do PT no pleito de outubro.

É a terceira vez que Lermen conquista a indicação do partido. Em 2004, ele era pré-candidato até momentos antes da convenção, quando o PT decidiu coligar com o PDT e ele acabou concorrendo como vice da ex-vereadora Iolanda Hofstätter. Nas eleições seguintes, em 2008, manteve a cabeça de chapa, mas acabou perdendo a disputa. O que diferencia os dois processos de escolha anteriores do que se encerrou neste final de semana é a forte disputa interna em torno da indicação. Em 13 de novembro do ano passado, o ex-vereador Ricardo Kraemer foi o escolhido, mas o processo acabou anulado por falta de quórum. Domingo, Lermen venceu não só Ricardo, mas outros dois pré-candidatos que desistiram para apoiar seu adversário: Marcelo de Azevedo e Reilly Ruiz. Ganhou por 83 votos contra 78. No total, 164 filiados foram às urnas, sendo que três votaram nulo.

A disputa interna entre Ricardo e Heitor não é nova. Ano passado, na renovação do diretório e da executiva do partido, os dois também bateram de frente. Naquela oportunidade, a vitória foi de Ricardo, que conquistou a presidência. No diretório, seus apoiadores têm 51% dos assentos, enquanto os aliados de Heitor, 49%. Tamanho equilíbrio já sinalizava para um resultado apertado, confirmado pelos números deste domingo.

Ontem à tarde, em visita ao Jornal Ibiá, os dois lapidavam um discurso de unidade. Lermen destacando que o importante é o que vem frente. Ricardo, sugerindo que o grande vencedor da prévia foi o partido, por ter mantido sua característica de democracia interna. Aliás, vencedor e vencido fizeram questão de salientar que estão juntos e que consideram o PT realmente pronto para governar a cidade. O vereador Marcos Gehlen, acompanhando a dupla, assinalou que a mobilização dos militantes, inclusive com a volta de antigos filiados que estavam afastados do partido, foi uma grande vitória para todos.

"Fui escolhido pré-candidato a prefeito"

A escolha definitiva do pré-candidato a prefeito pelo PT é mais um importante movimento no tabuleiro de xadrez da política local. Até então, a corrida pela Prefeitura tinha apenas uma candidatura consolidada: a do vereador Marcelo Cardona (PP). Lideranças de outras siglas vêm acompanhando atentamente as movimentações no "partido da estrela", pois têm interesse em construir alianças.

Heitor Lermen está disposto a conversar com todos, mas não pretende abrir mão da cabeça de chapa. "Fui escolhido para ser pré-candidato a prefeito e não a vice", adverte. Fazer parte de um "frentão", portanto, não é uma ideia para ser jogada na lixeira, desde que os outros partidos concordem em se unir a ele, em torno de um programa de governo e de um projeto de desenvolvimento para a cidade. Acredita que isso é possível, tendo em vista o sucesso de acordos semelhantes em Brasília e no governo do Estado. Os únicos partidos que não fazem parte do leque de alianças do PT são o PSDB, o Dem e o PPS.

Heitor sabe que não será fácil, mas não teme as críticas. "Lógico que existem pessoas que não concordam com isso, mas não podemos negar que o Brasil cresce na medida em que estas articulações produzem seus efeitos positivos", observa. A popularidade do ex-presidente Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff, estariam mostrando que a sociedade apoia os que trabalham por ela. "Vamos colocar nosso plano de governo embaixo do braço e conversar com os outros, ouvindo sempre, com muita humildade", promete.

Fonte: Jornal Ibiá

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